quarta-feira, 30 de junho de 2010

Repara


Repara que trago as mãos abertas
vazias de um nada que quero que sopres para longe
formadas em conchinha para receber de ti
tudo o que sonhei, tudo o que senti

Repara que trago os olhos abertos, enlameados,
e estampados neles tudo aquilo que li
uma tela singela, jardins secretos, segredos,
onde gravo as imagens do mundo em si, de ti

Repara que tenho na boca o silêncio
que aninha a palavra sentida e trocada
ensaio da história que baila em mistério
parecendo num todo um conto de fada

Repara que a alma vem limpa e audaz
que o peito me grita, avança veloz, com medo,
mas cheia de cores que te quero oferecer
e na tua fundir-se como um amanhecer, infinito

Repara que a vida nos dá em surpresa
os momentos mais raros a serem sentidos
saibamos ver-lhe a indelével beleza
e jamais poderemos jurar-nos perdidos...

Repara... em mim, em ti, em nós...